domingo, agosto 09, 2009
Fernando Pessoa sonha, não sabe quem é naquele momento, dorme sentindo-se. Sua alma não tem alma, ele não tem ser nem lei, é coração de ninguém.
Sonho
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.
Fernando Pessoa
(1888-1935)
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