terça-feira, junho 30, 2009

Em doces noites, Schmidt conheceu a felicidade inconsciente, a inconsciência feliz. E diz, tudo passou, só eu sou o mesmo, ainda: não mudei.


Noites, estranhas noites, doces noites!


Noites, estranhas noites, doces noites!
A grande rua, lampiões distantes,
Cães latindo bem longe, muito longe.
O andar de um vulto tardo, raramente.

Noites, estranhas noites, doces noites!
Vozes falando, velhas vozes conhecidas.
A grande casa; o tanque em que uma cobra,
Enrolada na bica, um dia apareceu.

A jaqueira de doces frutos, moles, grandes.
As grades do jardim. Os canteiros, as flores.
A felicidade inconsciente, a inconsciência feliz.

Tudo passou. Estão mudas as vozes para sempre.
A casa é outra já, são outros os canteiros e as flores
Só eu sou o mesmo, ainda: não mudei!

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Mais sobre Augusto Frederico Schimdt em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

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