sábado, junho 13, 2009
É a chuva, é o vento, é o medo, é a treva, é o tédio. É inútil, não há remédio, na bela canção de Guilherme de Almeida.
A canção do tédio
Anda uma estrela pelo céu,
sozinha, arrastando um véu
de viúva.
- É a chuva.
Rola um soluço leve no ar,
bem longo no seu rolar,
bem lento.
- É o vento.
Perpassa o passo oco de algum
fantasma, quieto como um
segredo.
- É o medo.
Batem à porta. Abro. Quem é?
Uma alta sombra, de pé,
se eleva.
- É a treva.
Mas, desde então, alguém está
comigo. É inútil. Não há
remédio.
- É o tédio.
Guilherme de Almeida
(1890-1969)
Mais sobre Guilherme de Almeida em
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Um comentário:
Este poeta foi considerado o príncípe dos poetas brasileiros, pouco sei sobre ele, mas, embora sendo leitor contumaz de poemas, trago de lembrança apenas um, que é de sua autoria, chamado MINHA RUA... li este poema quando cursava o ginásio e ele me acompanha na memória... bom ler este ora publicado, ele demonstra leveza em sua escrita clara, não rebuscada, num lirismo impressionante, muito belo seu trabalho...
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