segunda-feira, junho 22, 2009

Álvaro de Campos não traz nada e não achará nada. Mas deixou um escrito num livro abandonado em viagem.


Escrito num livro abandonado em viagem


Venho dos lados de Beja.
Vou para o meio de Lisboa.
Não trago nada e não acharei nada.
Tenho o cansaço antecipado do que não acharei,
E a saudade que sinto não é nem no passado nem no futuro.
Deixo escrita neste livro a imagem do meu desígnio morto.
Fui, como ervas, e não me arrancaram.

Álvaro de Campos, um dos heterônimos de

Fernando Pessoa
(1888-1935)

Mais sobre Fernando Pessoa em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

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