A uma mulher
Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peitoEstavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade
Vinicius de Moraes
(1923-1980)
Mais sobre Vinicius de Moraes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vin%C3%ADcius_de_Moraes
Um comentário:
Gostei muito do blog, ainda mais que encontrei de cara Vinicius, por quem sou apaixonada, Já dizia Drummond "Vinicius viveu como poeta".
Abraços
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