quinta-feira, setembro 04, 2008
Pessoas pertencidas de abandono me comovem. Em versos, Manoel de Barros faz o retrato do artista quando coisa.
Retrato do artista quando coisa
Aprendo com abelhas do que com aeroplanos.
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
É um olhar para o ser menor, para o
insignificante que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma
barata -- cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar
para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão --
Antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.
Manoel de Barros
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Um comentário:
uhhhuuuu.... parabénsss
sabe que dificilmente encontro poesias de Manoel e Barros postada assim? me surpreendeu, ainda mais que ele é meu aqui do MT rsrss...
realmente o melhor da poesia aqui.
Abraços
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