quarta-feira, setembro 24, 2008

Depois de botar seu primeiro verso, Manoel de Barros ouviu da mãe que teria que assumir suas irresponsabilidades. Ele entrou no mundo das imagens.


O poeta


Vão dizer que não existo propriamente dito.
Que sou um ente de sílabas.
Vão dizer que eu tenho vocação pra ninguém.
Meu pai costumava me alertar:
Quem acha bonito e pode passar a vida a ouvir o som
das palavras
Ou é ninguém ou zoró.
Eu teria treze anos.
De tarde fui olhar a Cordilheira dos Andes que
se pendia nos longes da Bolívia
E veio uma iluminura em mim.
Foi a primeira iluminura.
Daí botei meu primeiro verso:
Aquele morro bem que entorta a bunda da paisagem.
Mostrei a obra pra minha mãe.
A mãe falou:
Agora você vai ter que assumir as suas
irresponsabilidades.
Eu assumi: entrei no mundo das imagens.

Manoel de Barros

Mais sobre Manoel de Barros em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa adorei o seu blog,um ótimo espaço para divulgar as poesias,eu tenho um fotolog,mas é só com poesias do Drummond.