terça-feira, março 25, 2008

Schmidt sente que há no seu ser uma unidade tão perfeita que perde a noção da hora presente. E então diz, sou o que fui e sou o que serei.

Sou o que serei

Às vezes me abandono inteiramente a saudades estranhas
E viajo por terras incríveis, incríveis.
Outras vezes porém qualquer coisa à-toa –
O uivo de um cão na noite morta,
O apito de um trem cortando o silêncio,
Uma paisagem matinal,
Uma canção qualquer surpreendida na rua –
Qualquer coisa acorda em mim coisas perdidas no tempo
E há no meu ser uma unidade tão perfeita
Que perco a noção da hora presente, e então

Sou o que fui.
E sou o que serei.

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Mais sobre Augusto Frederico Schmidt
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

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