sábado, março 15, 2008
No quarto de enfermo, Mario Quintana descobre como a morte deveria ser. Um céu que pouco a pouco anoitecesse e a gente nem soubesse que era o fim...
Este quarto...
Este quarto de enfermo, tão deserto
de tudo, pois nem livros eu já leio
e a própria vida eu a deixei no meio
como um romance que ficasse aberto...
que me importa este quarto, em que desperto
como se despertasse em quarto alheio?
Eu olho é o céu! imensamente perto,
o céu que me descansa como um seio.
Pois só o céu é que está perto, sim,
tão perto e tão amigo que parece
um grande olhar azul pousado em mim.
A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim...
Mario Quintana
(1906-1994)
Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana
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This Sickroom
This sickroom is as barren as my day;
I don’t even read my books anymore.
And my life, since I can’t live it as before,
is like a novel I stopped reading halfway…
Why should I care about this room where I awake
feeling I’m in a stranger’s room, by mistake?
I care about the sky out there, endlessly near,
a sky that comforts me, and soothes my every fear,
The presence of the sky is what I feel and see,
so close and friendly that it seems to be
a great blue loving gaze embracing me.
This is how death should be: it could pretend
to be a sky that gently darkened into night
and we wouldn’t even know it was the end…20)
Mario Quintana
(Translated by John D. Godinho)
Este quarto ( This sickroom) in Notes on
Supernatural History
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