sexta-feira, março 21, 2008

Depois de dar adeus aos seus sonhos, Álvares de Azevedo pergunta: o que me resta, meu Deus? E roga que morra com ele a estrela de seus amores.


Adeus, meus sonhos!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus?!... Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Álvares de Azevedo

(1831-1852)

Mais sobre Álvares de Azevedo em

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lvares_de_Azevedo

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