sábado, março 17, 2007

O amor que Quintana cria não existir mais, era como um rio. Um rio que o levava em seu curso, para o espaço sem fim de um mar sem termo.


Soneto do amor como um rio

Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.

Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este
amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo...

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.

Mário Quintana

(1906-1994)

Mais sobre Mário Quintana em

http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

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