quinta-feira, março 08, 2007

Adélia Prado sente todo o amor que há dentro dela. Tudo numa paisagem entre meio-dia e duas horas da tarde.


O amor no éter

Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da
tarde.
Aves pernaltas, os bicos
mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.

Adélia Prado

Mais sobre Adélia Prado em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ad%C3%A9lia_Prado

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