sábado, março 17, 2007

Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo, suplicava ela num frenesi. E o poeta, ainda que pedindo perdão aos moralistas, docemente obedecia...

Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....

Olavo Bilac

(1865-1918)

Mais sobre Olavo Bilac em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

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