terça-feira, março 27, 2007
Nos carnavais de Bandeira., as cantigas eram sempre tristíssimas. Paixão, ciúme, dor daquilo que não se pode dizer e nada de éter na boca!
Na boca
Sempre tristíssimas essas cantigas de carnaval
Paixão
Ciúme
Dor daquilo que não se pode dizer
Felizmente existe o álcool na vida
E nos três dias de carnaval éter de lança-perfume
Quem me dera ser como o rapaz desvairado!
O ano passado ele parava diante das mulheres bonitas
E gritava pedindo o esguicho de cloretilo:
- Na boca!Na boca!
Umas davam-lhe as costas com repugnância
Outras porém faziam-lhe a vontade.
Ainda existem mulheres bastante puras para fazer vontade aos viciados
Dorinha meu amor....
Se ela fosse bastante pura eu iria agora gritar-lhe como o outro:
- Na boca!Na boca!
Manuel Bandeira
(1886-1968)
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