terça-feira, março 20, 2007
Nos versos de Adélia Prado, o sofrimento do poeta diante do tolo. Mas ainda que o mundo acabe, a canção não termina.
O destino do alvissareiro
O poeta sofre o ridículo
de passear na cidade
com a coroa de louros.
Salve, ‘cantor das multidões’
Assim, o saúda o tolo,
com picardia e desdém.
Amém, ele responde, amém, amém,
desespero impossível,
amor não correspondido,
ainda assim, amém,
cruz sobre terra plantada.
Eis que os ossos são brancos,
eis que são belos também,
eis que este anúncio me mata
e esta grande dor me confina,
mas ainda que o mundo acabe
esta canção não termina.
Adélia Prado
Mais sobre Adélia Prado em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ad%C3%A9lia_Prado
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