quinta-feira, março 08, 2007

Florbela só pede ao seu Amor para andar assim em seu caminho. Por toda a vida, devagarinho, até a Morte.

O meu desejo

Vejo-te só a ti no azul dos céus,
Olhando a nuvem de oiro que flutua...
Ó minha perfeição que criou Deus
E que num dia lindo me fez sua!

Nos vultos que diviso pela rua,
Que cruzam os seus passos com os meus...
Minha boca tem fome só da tua!
Meus olhos têm sede só dos teus!

Sombra da tua sombra, doce e calma,
Sou a grande quimera da tua alma
E, sem viver, ando a viver contigo...

Deixa-me andar assim no teu caminho
Por toda a vida, Amor, devagarinho,
Até a Morte me levar consigo...

Florbela Espanca

(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

3 comentários:

Luly disse...

Sou fã de Florbela. Sempre singela, flertando com a morte, às vezes erótica... perfeita!

Unknown disse...

Quanto leio Florbela tenho a mesma sensação de quando vejo um quadro do Van Gogh. Uma inquietação transparece em cada palavra, uma busca constante, que nunca terá fim.

Juliana disse...

Perfeito.