segunda-feira, abril 06, 2009

O estoque de amor que Mário Faustino acumulou, ninguém veio comprar a preço justo. Sozinho, ele agora vai por seus infernos.


Soneto antigo


Esse estoque de amor que acumulei
Ninguém veio comprar a preço justo.
Preparei meu castelo para um rei
Que mal me olhou, passando, e a quanto custo.

Meu tesouro amoroso há muito as traças
Comeram, secundadas por ladrões.
A luz abandonou as ondas lassas
De refletir um sol que só se põe

Sozinho. Agora vou por meus infernos
Sem fantasma buscar entre fantasmas.
E marcho contra o vento, sobre eternos

Desertos sem retorno, onde olharás
Mas sem o ver, estrela cega, o rastro
Que até aqui deixei, seguindo um astro.

Mário Faustino
(1930-1962)

Mais sobre Mário Faustino em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Faustino

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