quarta-feira, agosto 02, 2006

Ela bateu na porta de um coração. E encontrou uma casa vazia, uma porta fechada.


Coração é terra que ninguém vê


Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perde
una terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...


Cora Coralina
(1889-1985)

Mais sobre Cora Coralina em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cora_Coralina

3 comentários:

Anônimo disse...

A poesia é como "pá-lavra" nossas vidas!
Sentir!
É terra que faz brotar qualquer sentimento!
Sucesso!
IveteBruxa

Anônimo disse...

O resto se perde mesmo...

Anônimo disse...

Será que se perde mesmo, anônima? Ou, só perde quem faz questão de querer perder. Principalmente, quando se faz tudo para perder um grande amor. Ou então, não era amor...era só fumaça.