sexta-feira, março 26, 2010
Um amigo é às vezes o deserto, outras a água. O real é a palavra, lembra Eugénio de Andrade.
Um amigo é às vezes o deserto
Um amigo é às vezes o deserto,
outras a água.
Desprende-te do ínfimo rumor
de agosto, nem sempre
um corpo é o lugar da furtiva
luz despida, de carregados
limoeiros de pássaros
e o verão nos cabelos;
é na escura folhagem do sono
que brilha
a pele molhada,
a difícil floração da língua.
O real é a palavra.
Eugénio de Andrade
(1923-2005)
Mais sobre Eugénio de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A9nio_de_Andrade
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