segunda-feira, março 08, 2010

Inferno, eterno inverno. Quero dar teu nome à dor sem nome deste dia, nos versos tristes de Mário Faustino.


Inferno, eterno inverno, quero dar


Inferno, eterno inverno, quero dar
Teu nome à dor sem nome deste dia
Sem sol, céu sem furor, praia sem mar,
Escuma de alma à beira da agonia,
Inferno, eterno inverno, quero olhar
De frente a gorja em fogo da elegia,
Outono e purgatório, clima e lar
De silente quimera, quieta e fria.
Inverno, teu inferno a mim não traz
Mais do que a dura imagem do juízo
Final com que me aturde essa falaz
Beleza de teus versos de granizo:
Carátula celeste, onde o fugaz
Estio de teu riso - paraíso?

Mário Faustino
(19301-962)

Mais sobre Mário Faustino em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Faustino

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