segunda-feira, dezembro 21, 2009
O prisioneiro da cela X3, no quartel da Polícia do Exército, da Vila Militar, no Rio de Janeiro, em 2/1/69, tinha pouco a declarar.
O prisioneiro
Ouço as árvores
lá fora
sob as nuvens
Ouço vozes
risos
uma porta que bate
É de tarde
(com seus claros barulhos)
como há vinte anos em São Luís
como há vinte dias em Ipanema
Como amanhã
um homem livre em sua casa.
Ferreira Gullar
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