sexta-feira, novembro 20, 2009
O poeta teceu uma coroa de brancas rosas para adornar as tranças luminosas do seu oculto amor. Mas Eugénio de Castro nunca a encontrou.
A coroa de rosas
A fim, oculto amor, de coroar-te,
de adornar tuas tranças luminosas,
uma coroa teci de brancas rosas,
e fui pelo mundo afora, a procurar-te.
Sem nunca te encontrar, crendo avistar-te
nas moças que encontrava, donairosas,
fui-as beijando e fui-lhes dando as rosas
da coroa feita com amor e arte.
Trago, de caminhar, os membros lassos,
acutilam-me os ventos e as geadas,
já não sei o que são noites serenas...
Sinto que vais chegar, ouço-te os passos,
mas ai! nas minhas mãos ensanguentadas
uma coroa de espinhos trago apenas!
Eugénio de Castro
(1869-1944)
Mais sobre Eugénio de Castro em
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