sexta-feira, junho 29, 2007
Augusto dos Anjos é aquele que ficou sozinho. Cantando a poesia de tudo quanto é morto.
O poeta do hediondo
Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!
Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!
Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto...
Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!
Augusto dos Anjos
(1884-1914)
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos
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