sábado, abril 14, 2007
O homem sobre quem caíu a praga da tristeza do mundo, nunca mais o seu pesar se acaba. E quando se transforma em verme, é essa mágoa que o acompanha.
Eterna mágoa
O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!
Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga
Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda
Transpõe a vida do seu corpo Inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acampanha ainda!
Augusto dos Anjos
(1884-1914)
Mais sobre Augusto dos Anjos em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos
(/code)
(code)
Marcadores:
Augusto dos Anjos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Um dos melhores sonetos já escritos em língua portuguesa. É um dos poemas que me fez gostar de poesia.
Postar um comentário