sábado, abril 21, 2007

Nos versos do poeta, Ismália enlouqueceu e pôs-se a cantar na torre. E com as asas que Deus lhe deu, sua alma subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar.


Ismália


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na terra a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E no desvario seu,
na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)

Mais sobre Alphonsus de Guimaraens em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alphonsus_de_Guimaraens

Um comentário:

Janeisa Tomás disse...

Adoro este poema, sobretudo pelas figuras poéticas de linguagem que representam tão bem, dentro das antíteses, o desespero de morte e de vida de Ismália. O ar e a terra, o fogo e água, o doce e o sal, o bem e o mal. Tudo isso, tendo como fundo a lua nos enfeitiçando juntamente com a Ismália.