domingo, fevereiro 07, 2010

Um cheiro de espádua nos versos do parnasiano Alberto de Oliveira E ele hauriu toda a essência dela.


Cheiro de espádua


Quando a valsa acabou, veio à janela,
sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava.
Eu, viração da noite, a essa hora entrava
e estaquei, vendo-a decotada e bela.

Eram os ombros, era a espádua, aquela
carne rosada de um mimo! A arder na lava
de improvisa paixão, eu, que a beijava,
hauri sequiosa toda a essência dela!

Deixei-a, porque a vi mais tarde, oh, ciúme!
sair velada da mantilha. A esteira
sigo, até que a perdi, de seu perfume.

E agora, que se foi, lembrando-me ainda,
sinto que à luz do luar nas folhas, cheira
este ar da noite àquela espádua linda!

Alberto de Oliveira
(1857-1937)

Mais sobre Alberto de Oliveira em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_de_Oliveira

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