quinta-feira, fevereiro 04, 2010
Para Mario Quintana, depois do fim, subia, às vezes, no ar, aquele riso inexplicável de criança. E sempre havia alguém re-inventando amor.
Depois do fim
Brotou uma flor dentro de uma caveira.
Brotou um riso em meio a um De profundis.
Mas o riso era infantil e irresistível,
As pétalas da flor irresistivelmente azuis...
Um cavalo pastava junto a uma coluna
Que agora apenas sustentava o céu.
A missa era campal: o vendaval dos cânticos
Curvava como um trigal a cabeça dos fiéis.
Já não se viam mais os pássaros mecânicos.
Tudo já era findo sobre o velho mundo.
Diziam que uma guerra simplificara tudo.
Ficou, porém, a prece, um grito último da esperança...
Subia, às vezes, no ar, aquele riso inexplicável
de criança
E sempre havia alguém re-inventando amor.
Mario Quintana
(1906-1994)
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