terça-feira, maio 31, 2011
A mulher amada por Vinicius parece a flor colhida, justo no instante de tornar-se rosa. E pergunta a Voz ao poeta, por que deixá-la em haste?
Soneto da rosa tardia
Como uma jovem rosa, a minha amada...
Morena, linda, esgalga, penumbrosa
Parece a flor colhida, ainda orvalhada
Justo no instante de tornar-se rosa.
Ah, porque não a deixas intocada
Poeta, tu que és pai, na misteriosa
Fragrância do seu ser, feito de cada
Coisa tão frágil que perfaz a rosa...
Mas (diz-me a Voz) por que deixá-la em haste
Agora que ela é rosa comovida
De ser na tua vida o que buscaste
Tão dolorosamente pela vida?
Ela é rosa, poeta...assim se chama...
Sente bem seu perfumar...Ela te ama...
Vinicius de Moraes
(1913-1980)
Mais sobre Vinicius de Moraes em
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