domingo, maio 29, 2011
Em momento insone e triste, Fernando Pessoa não sabe quem há de ser. E sente que tudo isto lhe parece tudo, mas nada é isto, nada é assim.
Cansa sentir
Cansa sentir quando se pensa
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa.
Que tem por corpo o frio do ar.
Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei de ser,
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer.
Tudo isto me parece tudo.
E é uma noite a ter um fim
Um negro astral silêncio surdo
E não poder viver assim.
(Tudo isto me parece tudo.
Mas noite, frio, negror sem fim,
Mundo mudo, silêncio mudo -
Ah! nada é isto, nada é assim).
Fernando Pessoa
(1888-1935)
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4 comentários:
Fica estranho para mim esse "custa". É outra versão? Sempre li "Cansa sentir quando se pensa".
Obrigado por todos os versos do seu blogue.
um paradoxo tão perfeito que não se chega a lugar algum ...
El Transcriptor,
Falhamos e, para nós, isto é imperdoável. Mas, já corrigimos o erro, tão logo dele tomamos conhecimento pela sua mensagem. Mais uma vez, agradecemos a todos que colaboram conosco apontando eventuais falhas. Assim, com a participação de todos, podemos manter o blog dentro de um padrão de qualidade próximo do que temos como objetivo.
Mais uma vez, muito obrigado.
O Editor
Entre o pensar e o sentir - é o Pessoa! Tão bom reler esse poema. Abraço.
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