sexta-feira, maio 06, 2011
Murilo Mendes visita-se ao espelho sem algemas. Munido de passaporte para este mundo, ou não?
Insônia
Ao longe um cão branquíssimo latindo
Divide a noite em duas.
Se aquele cão fosse negro
Talvez que eu pudesse dormir.
Pressinto uma bomba atômica
Adormecida num bosque.
Vivo ou morto estarei, inculpe ou réu?
Visito-me ao espelho: sem algemas.
Munido de passaporte para este mundo, ou não?
Murilo Mendes
(1901-1975)
Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes
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