segunda-feira, maio 30, 2011

Nos versos de Cecilia Meireles, a solidão é o mar negro, mais eterno, mais terrível, mais profundo. É uma tristeza sem forma, vem para o mundo e retorna...



Solidão

Imensas noites de inverno,
com frias montanhas mudas,
é o mar negro, mais eterno,
mais terrível, mais profundo.

Este rugido das águas
é uma tristeza sem forma:
sobe rochas, desce fráguas,
vem para o mundo e retorna...

E a névoa desmancha os astros,
e o vento gira as areias:
nem pelo chão ficam rastros
nem, pelo silêncio, estrelas.

A noite fecha seus lábios
- terra e céu - guardado nome.
E os seus longos sonhos sábios
geram a vida dos homens.

Geram os olhos incertos,
por onde descem os rios
que andam nos campos abertos
da claridade do dia.

Cecília Meireles
(1901-1964)

Mais sobre Cecilia Meireles em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles

Um comentário:

Flávio Antunes Soares disse...

Belo poema! Cecília Meireles é um dos maiores nomes da poesia brasileira.
Acho excelente a iniciativa do Poemblog de divulgar boa poesia.