terça-feira, setembro 07, 2010

Companheiro, eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma. Sou todos e sou um, somos todos poetas, no grito de Murilo Mendes.



Somos todos poetas

Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.


Murilo Mendes
(1901-1975)

Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes

Um comentário:

Eduardo disse...

José Antonio: não posso deixar de lançar um comentário ao meu poeta, conterrâneo de Juiz de Fora, favorito. O nome do meu blog www.mausamaritano.blogspot.com é o título de um lindo poema do Murilo Mendes. E reconheço que Somos Todos Poetas é maravilhoso, acho que também postei no meu blog. Não me canso de ler. Todos os versos são marcantes. Não há pausa para a alma respirar. Abraços,