segunda-feira, setembro 06, 2010

Em seu auto-retrato, Manuel Bandeira apresenta-se como um sem família, religião ou filosofia. E em matéria de profissão, um tísico profissional.


Auto-Retrato

Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

Manuel Bandeira
(1886-1968)

Mais sobre Manuel Bandeira em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira

Um comentário:

Eduardo disse...

By the way, a minha própria definição é uma frase do Murilo Mendes "eu sou a própria esfinge que me devora"...