sexta-feira, setembro 17, 2010
Em seu retrato do artista quando coisa, Manoel de Barros diz que as borboletas já trocam as árvores por ele. E que já enxerga o cheiro do sol.
Retrato do artista quando coisa
Retrato do artista quando coisa: borboletas
Já trocam as árvores por mim.
Insetos me desempenham.
Já posso amar as moscas como a mim mesmo.
Os silêncios me praticam.
De tarde um dom de latas velhas se atraca
em meu olho
Mas eu tenho predomínio por lírios.
Plantas desejam a minha boca para crescer
por de cima.
Sou livre para o desfrute das aves.
Dou meiguice aos urubus.
Sapos desejam ser-me.
Quero cristianizar as águas.
Já enxergo o cheiro do sol.
Manoel de Barros
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros
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