quarta-feira, agosto 04, 2010

Vem, entrega-te despida nas mãos do homem solitário que a maldição não deixa que possa sequer lutar por ti. Vem, pede Miguel Torga em hora de amor.



Hora de amor


Vem.
Adormece encostada a este braço
Mais débil do que o teu.
Entrega te despida
Nas mãos dum homem solitário
Que a maldição não deixa
Que possa nem sequer lutar por ti.
Vem,
Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.
E sente que ninguém,
No descampado deste mundo, tem
A alma mais guardada e protegida.

Miguel Torga
(1907-1995)

Mais sobre Miguel Torga em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Torga

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