terça-feira, agosto 10, 2010

Mario Quintana põe-se às vezes a cismar como seria belo o fim do mundo. E chega à conclusão que nós descansaremos, finalmente, em paz.


Fim do mundo


Ponho-me às vezes a cismar como seria belo o fim
do mundo,

Antes de Cristo...

Nos campos verdes
Decorativas ossadas
Brancas geometrias.

Na cidade morta
Colunas. O azul, imóvel, sonha
A última asa.

A folha,
Graça infinita,
Se desprende e tomba

No tanque: leve sorriso de água...

Porém, quando este mundo cibernético for para o
Diabo que o forjicou
E todas as nossas bugigangas eletrônicas virarem
sucata
E todas as estrelas perderem os seus nomes,

Os únicos poetas que os sobreviventes entenderão
São os que hoje ainda falam no cricrilar dos grilos,
no frêmito

Do primeiro
Amor...
Redescobridores encantados da poesia
Esses pobres homens não serão nem ao menos
arqueólogos

E nós descansaremos, finalmente, em paz!


Mario Quintana
(1906-1994)

Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

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