quarta-feira, julho 21, 2010

Em sua toada sem álcool, Mário de Andrade sente a certeza de ser nesta vida fingimento de alguém nas artes. Antes fraco covarde diante desta vida.



Toada sem álcool


Certeza de ser nesta vida
Fingimento de alguém nas artes,
Antes fraco inerme covarde,
Covarde diante desta vida.

Chuçadas e lapos berrantes,
Klaxon, terror! sem automóvel...
Antes triste traste covarde
Diante dos morros desta vida.

Ninguém sabe da solitude
Que enche o meu peito sem emprego,
O qual comunga todo dia
Na missa-baixa do abandono.

Mas, rapazes, não tenho a culpa
De ter faltado em minha vida
O amigo que me defendesse,
Aquele que eu defenderia.

Mário de Andrade
(1893-1945)

Mais sobre Mário de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_Andrade

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