sexta-feira, janeiro 25, 2008
O eterno Manuel Bandeira diz que a morte absoluta é aquela em que se morre tão completamente que, ao lerem o teu nome no papel, perguntem: Quem foi?..
Link para fazer o download do poema em mp3 do canal do Poemblog no Divshare:
http://www.divshare.com/download/3594640-ada
A Morte absoluta
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.
Manuel Bandeira
(1886-1968)
Mais sobre Manuel Bandeira em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira
(/code)
(code)
Marcadores:
Manuel Bandeira
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário