segunda-feira, janeiro 28, 2008

Despede o teu pudor, diz com paixão Paulo Mendes Campos. E pressente: teus pés roçando nos meus pés, escuto o respirar da noite que te leva.


Despede teu pudor

Despede teu pudor com a camisa
E deixa alada louca sem memória
Uma nudez nascida para a glória
Sofrer de meu olhar que te heroíza

Tudo teu corpo tem, não te humaniza
Uma cegueira fácil de vitória
E como a perfeição não tem história
São leves teus enredos como a brisa

Constante vagaroso combinado
Um anjo em ti se opõe à luta e luto
E tombo com um sol abandonado

Enquanto amor se esvai a paz se eleva
Teus pés rocando nos meus pés escuto
O respirar da noite que te leva.

Paulo Mendes Campos

(1922-1991)

Mais sobre Paulo Mendes Campos em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Mendes_Campos

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