quinta-feira, outubro 05, 2006

Sentindo o sangue misturar-se ao de sua amada e a vida exprimir-se sem disfarce, geme o poeta um soneto em pleno gozo.


Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus, não digas nada...
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

(1901-1969)

Mais sobre José Régio em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_R%C3%A9gio

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