quarta-feira, outubro 04, 2006
A poeta aprendeu uma lição com o vento que a levou e rasgou em Solombra. Mas o sonho que sabe ser sonho, este não se deixa levar nem rasgar nunca.
Eu sou essa pessoa a quem o vento chama
Eu sou essa pessoa a quem o vento chama,
a que não se recusa a esse final convite,
em máquinas de adeus, sem tentação de volta.
Todo horizonte é um vasto sopro de incerteza:
Eu sou essa pessoa a quem o vento leva:
já de horizontes libertada, mas sozinha.
Se a Beleza sonhada é maior que a vivente,
dizei-me: não quereis ou não sabeis ser sonho ?
Eu sou essa pessoa a quem o vento rasga.
Pelos mundos do vento em meus cílios guardadas
vão as medidas que separam os abraços.
Eu sou essa pessoa a quem o vento ensina:
- Agora és livre, se ainda recordas
Cecília Meireles
(1901-1964)
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