terça-feira, outubro 23, 2012
Profundo, Mário de Andrade sente imundo o seu coração. Os vícios viciaram-lhe na bajulação sem sacrifícios, sua alma corcunda como a Avenida São João.
Tristura
Profundo. Imundo meu coração...
Olha o edifício: Matadouros da Continental.
Os vícios viciaram-me na bajulação sem sacrifícios...
Minha alma corcunda como a avenida São João...
E dizem que os polichinelos são alegres!
Eu nunca em guizos nos meus interiores arlequinais!...
Paulicéias, minha noiva... Há matrimônios assim...
Ninguém os assistirá nos jamais!
As permanências de ser um na febre!
Nunca nos encontramos...
Mas há rendez-vous na meia-noite do Armenonville...
E tivemos uma filha, uma só...
Batismos do sr. cura Bruma;
Água-benta das garoas monótonas...
Registrei-a no cartório da Consolação...
Chamei-a Solitude das Plebes...
Pobres cabelos cortados da nossa monja!
Mário de Andrade
(1892-1945)
Mais sobre Mário de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_Andrade
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