segunda-feira, outubro 29, 2012

Manuel Bandeira confessa a seu tudo, sua amada e sua amiga que gosta pouco do amor ideal objeto só. E que do amor só carnal não gosta.


Soneto sonhado

Meu tudo, minha amada e minha amiga,
Eis, compendiada toda num soneto,
A minha profissão de fé e afeto,
Que à confissão, posto aos teus pés, me obriga.

O que n'alma guardei de muito antiga
Experiência foi pena e ansiar inquieto.
Gosto pouco do amor ideal objeto
Só, e do amor só carnal não gosto miga.

O que há de melhor no amor é iluminância,
Mas, ai de nós! não vem de nós. Viria
De onde? Dos céus?... Dos longes de distância?...

Não te prometo os estos, a alegria,
A assunção...Mas em toda circunstância
Ser-te-ei sincero como a luz do dia.

Manuel Bandeira
(1886-1968)

Mais sobre Manuel Bandeira em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira

Um comentário:

Bípede Falante disse...

Preciso ler mais Manuel Bandeira!
Preciso.

beijo :)