sexta-feira, agosto 31, 2012

Homero Icaza Sánchez gravou a figura daquela mulher em uma gota de água. E lançou a gota de água num pequenino arroio, o arroio foi rolando, perdeu-se num rio e o rio entrou no mar.


Gota de água

Gravei tua figura
Em uma gota de água
Lancei a gota de água
Num pequenino arroio
O arroio foi rolando
E perdeu-se num rio
O rio entrou no mar
Depois te fui buscar
E te achei dividida
Teus cabelos ficaram
Numa curva do rio
Teus braços chamavam
Feitos ramos de uma árvore
As pernas completaram
Um corpo de sereia
Que ansiava ser mulher
De teu tronco nasceram
Algas e caracóis
Achei teus olhos garços
Em uma madrepérola
Teu vário coração
Um peixezinho de ouro
Alimentou-se dele
(Hoje no mar é rei
Por tão feliz façanha).

Como estou sem teus beijos
- A um  tempo mel e sal -
Bebo a água do rio
Bebo a água do mar.

(Tradução de Manuel Bandeira)

Homero Icaza Sánchez
(1925-2011)

Mais sobre Homero Icaza Sánchez em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homero_Icaza_S%C3%A1nchez

Um comentário:

Anônimo disse...

Anônimo disse...
Mas... esta poesia não é de Homero Icaza Sánchez???
Maria José Speglich

Maria,
Muito obrigado pela correção. Sm, o poema era do Bruxo, Homero Icaza Sanches, traduzido pelo Bandeira, como uma homenagem ao amigo. Acontece.
O Editor