terça-feira, agosto 07, 2012
Mais alto sim, mais alto! Onde couber o mal da vida dentro dos meus braços, dos meus divinos braços de Mulher, no desespero de Florbela Espanca.
Mais alto
Mais alto, sim! mais alto, mais além
Do sonho, onde morar a dor da vida,
Até sair de mim! Ser a Perdida,
A que não se encontra! Aquela a quem
O mundo não conhece por Alguém!
Ser orgulho, ser águia na subida,
Até chegar a ser, entontecida,
Aquela que sonhou o meu desdém!
Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível!
Turris Ebúrnea erguida nos espaços,
À rutilante luz dum impossível!
Mais alto sim! Mais alto! Onde couber
O mal da vida dentro dos meus braços,
Dos meus divinos braços de Mulher!
Florbela Espanca
(1894-1930)
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