segunda-feira, agosto 20, 2012
Manuel Maria Barbosa du Bocage procura na razão a cura para os males do amor. E pergunta: quantas vezes, Amor, me tens ferido, e quantas vezes, Razão, me tens curado?
Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, Amor, me tens ferido?
Quantas vezes, Razão, me tens curado?
Quão fácil de um estado a outro estado
O mortal sem querer é conduzido!
Tal, que em grau venerando, alto e luzido,
Como que até regia a mão do fado,
Onde o Sol, bem de todos, lhe é vedado,
Depois com ferros vis se vê cingido:
Para que o nosso orgulho as asas corte,
Que variedade inclui esta medida,
Este intervalo da existência à morte!
Travam-se gosto, e dor; sossego e lida;
É lei da natureza, é lei da sorte,
Que seja o mal e o bem matiz da vida.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
(1765-1805)
Mais sobre Manuel Maria Barbosa Du Bocage
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Um comentário:
Não conhecia esse do Bocage!
Quanta sensatez ... Adorei!
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