quarta-feira, novembro 02, 2011
O instante é tudo para Paulo Mendes Campos. Em seus olhos, o tempo é uma cegueira e a eternidade uma bandeira aberta em céu azul de solidões.
Tempo e eternidade
O instante é tudo para mim que ausente
Do segredo que os dias encadeia
Me abismo na canção que pastoreia
As infinitas nuvens do presente.
Pobre do tempo, fico transparente
À luz desta canção que me rodeia
Como se a carne se fizesse alheia
À nossa opacidade descontente.
Nos meus olhos o tempo é uma cegueira
E a minha eternidade uma bandeira
Aberta em céu azul de solidões.
Sem margens, sem destino, sem história
O tempo que se esvai é minha glória
E o susto de minh'alma sem razões.
Paulo Mendes Campos
(1922-1991)
Mais sobre Paulo Mendes Campos em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Mendes_Campos
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