quinta-feira, novembro 17, 2011

Mas, pergunta Mario Quintana, haverá maior poesia do que este meu desesperar-me eterno da poesia? E ela só queria que o poeta falasse de "poesia" um pouco mais...


Querias que eu falasse de "poesia"

Querias que eu falasse de "poesia" um pouco
mais...e desprezasse o quotidiano atroz...
querias...era ouvir o som da minha voz
e não um eco - apenas - deste mundo louco!

Mas quê te dar, pobre criança, em troco
de tudo que esperavas, ai de nós:
é que eu sou oco...oco...oco...
como o Homem de Lata do "Mágico de Oz"!

Tu o lembras, bem sei...ah! o seu horror
imenso às lágrimas...Porque decerto se enferrujaria...
E tu...Como um lírio do pântano tu me querias,
como uma chuva de ouro a te cobrir devagarinho,
um pássaro de luz...Mas haverá maior poesia

do que este meu desesperar-me eterno da poesia?!

Mario Quintana
(1906-1994)

Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

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