terça-feira, julho 12, 2011
O que não fiz ficou vivo pelo avesso. O que não tive pertence à dor do meu canto, confessa Thiago de Mello na boca da noite.
A boca da noite
O que não fiz ficou vivo
pelo avesso. O que não tive
pertence à dor do meu canto.
A estrela que mais amei
acende o meu desencanto.
Vinagre? Sombra de vinho?
De noite, a vida engoliu
(é doce a boca da noite)
as dores do meu caminho.
O meu voo se apazigua
quando a tormenta me abraça.
O que tenho se enriquece
de tudo que não retive.
Diamante? Flor de carvão.
Thiago de Mello
(1926)
Mais sobre Thiago de Mello em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thiago_de_Mello
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