sexta-feira, maio 14, 2010

Para Alexandre O'Neill, há palavras que nos beijam como se tivessem boca. E que nos transportam aonde a noite é mais forte, ao silêncio dos amantes.



Há palavras que nos beijam


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos tranportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes.


Alexandre O'Neill
(1924-1986)

Mais sobre Alexandre O'Neill em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_O%27Neill






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